Direção executiva do SNS quer mudar sistema de referenciação de casos não urgentes

23/03/23
Direção executiva do SNS quer mudar sistema de referenciação de casos não urgentes

A direção executiva do Serviço Nacional de Saúde (SNS) anunciou hoje, 23 de março, que “vai tomar medidas” para alterar o sistema de referenciação para as urgências, nomeadamente dos casos não urgentes, advertindo que é uma situação inadiável.

“Temos de atuar na questão da referenciação dos doentes para os serviços de urgência e aqui refiro-me muito à questão dos casos em que são atribuídas pulseiras azuis e verdes. Este é um tema sempre discutido em muitos locais, mas sempre adiado porque é um tema impopular”, disse o diretor executivo do SNS, Prof. Doutor Fernando Araújo, na abertura da primeira edição do “SNS Summit”, que decorre na Aula Magna do Hospital de Santa Maria, em Lisboa.

Mas, assegurou, a direção executiva do SNS "vai pegar neste tema, que tem que ser tratado. É um tema que será seguramente discutido. É um tema que não é mais adiável”.

Dirigindo-se a uma plateia com diretores clínicos, médicos, enfermeiros, entre outros, o Prof. Doutor Fernando Araújo vincou que é uma área que será aprofundada e que a direção executiva irá “tomar as medidas que têm que ser tomadas para conseguir alterar este sistema”.

Segundo o responsável, Portugal tem “um consumo exagerado” de cuidados de saúde em termos de doença aguda, sendo necessário “conseguir influenciar e alterar esse processo e da mesma forma também dar formação e formação sobre a gestão dos percursos de saúde”.

“A porta de urgência não pode ser o primeiro local onde as pessoas pensam ir quando têm alguma patologia aguda em termos clínicos e essa é uma responsabilidade de todos nós e um caminho longo, mas que tem de ser feito de uma forma consistente”, salientou.

No seu entender, é preciso encontrar “outras portas antes da urgência” para responder a situações menos urgentes, sendo os Cuidados de Saúde Primários fundamentais.

“Nós temos, felizmente, equipas de profissionais, médicos, enfermeiros, mas também nutricionistas, psicólogos, e outros, que são equipas excecionais, com enorme capacidade, e temos de ser capazes de nos organizar para dar uma resposta à doença aguda menos grave de forma diferente”, vincou.

Por outro lado, defendeu, também há “um caminho que tem de ser feito” em termos da gestão das camas hospitalares e de demora média de internamento.

“Não é possível continuarmos a ter doentes no corredor de urgência com camas vazias dentro do hospital. E essa é uma mudança que tem de ser conseguida nas várias posições”, salientou.

O diretor executivo adiantou que uma equipa da Comissão Europeia que está a ajudar Portugal em termos de planeamento referiu, pelos seus cálculos, que se a demora média de internamento fosse semelhante ao melhor hospital de cada grupo, haveria mais de 2.000 camas por dia no país.

A especialidade de Medicina de Urgência, que não foi aprovada pela Ordem dos Médicos, foi outra matéria defendida pelo Prof. Doutor Fernando Araújo, considerando ser "uma medida importante" e que a direção executiva vai "seguramente perseguir" no sentido de criar condições para que seja possível.

Aludindo às urgências metropolitanas, adiantou que é algo que está a ser implementado no país, "por vezes com dificuldades, com limitações, mas com resultados concretos", sendo um caminho que disse que iria ser acompanhado.

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